Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
O Hospital Regional Centro, em Santa Maria, completou, no último dia 9, quatro meses de funcionamento. Em quatro meses, foram 845 atendimentos, conforme levantamento do Diário nesta reportagem. No entanto, o que até então era a esperança dos municípios da Região Central como alternativa para desafogar a fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS), parece ter ficado em segundo plano, diante da atual crise financeira que o Estado atravessa e que atinge diretamente os serviços de saúde pública em todo o Rio Grande do Sul.
O prédio, de 20 mil metros quadrados e que custou R$ 70 milhões aos cofres públicos, funciona apenas com um ambulatório, o de Doenças Crônicas (voltado a diabéticos e hipertensos), que atende, em média, de 20 a 25 pacientes por dia, segundo a direção do hospital. O prazo para o segundo ambulatório começar a funcionar era de até 90 dias após a abertura do complexo.
Hospital regional começa a receber os primeiros equipamentos para exames de imagem
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) diz que um novo prazo para a abertura do ambulatório de reabilitação será definido após a conclusão dos reparos que ainda estão sendo feitos e da total instalação dos equipamentos de diagnóstico de imagem. O prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom (PSDB), já se reuniu com a equipe de transição do governador eleito, Eduardo Leite (PSDB), para tratar sobre o assunto.
- Assim que for formada a nova equipe da saúde do governo, vamos sentar com a direção do hospital e ver de que forma podemos acelerar esse processo. Agora, temos de esperar essa equipe assumir. Óbvio que queremos o quanto antes a abertura dos leitos, e este será o primeiro assunto que vamos tratar - destaca Pozzobom.
A assessoria do governador eleito enviou nota ao Diário (leia abaixo) em que salienta a "importância estratégica do Regional", mas pondera que, diante da condição grave dos atrasos dos repasses aos hospitais que já têm contrato com a Secretaria de Saúde e dos valores devidos aos municípios, colocar em dia a saúde financeira dessas instituições é a prioridade. Por isso, não há como garantir o cronograma de abertura estipulado pelo governo atual.
ARTICULAÇÕES
O Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) também acompanha o caso. O médico cirurgião torácico Alberto Riesgo, que atua no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) e é conselheiro do Cremers na cidade, destaca a importância da abertura dos primeiros leitos para a região:
- A gente quer ver o Regional funcionando a pleno. Aquilo lá virou um ambulatório, não é hospital. Poderia ser muito bem um hospital de traumatologia, ortopedia e reabilitação, como foi planejado de início e como quase se concretizou. Mas essa estrutura, aqui, é fundamental para a região toda, não só para Santa Maria. O próximo governo precisa se organizar para, no primeiro semestre do ano, dar uma resposta para a sociedade. Não dá para enrolar mais tempo com isso.
Ebserh assumirá o hospital regional de Santa Maria
O presidente da Associação dos Municípios do Centro do Estado (AM-Centro), Tiago Gorski Lacerda, prefeito de Santiago, diz que continuará insistindo na abertura total do hospital.
- O Regional segue sendo nossa prioridade, até porque é uma necessidade para nós. Não vamos deixá-lo ficar em segundo plano. Era para ser um hospital e virou um ambulatório, mas precisamos que ele exerça sua função integral - afirma.
O QUE DIZEM
Assessoria do atual governo do Estado
"Informamos que dificuldades estruturais nas instalações elétricas no prédio do Hospital Regional ocasionaram um retardo na instalação dos equipamentos de diagnóstico por imagem.
Aguardamos a conclusão dos reparos para a total instalação dos referidos equipamentos. Uma vez concluída esta etapa, e superadas as dificuldades econômicas e financeiras atuais do Estado, deverá ser definido novo prazo para a abertura do segundo ambulatório.
Após, teremos condições de informar a dimensão, equipe e outras questões operacionais do novo serviço."
Assessoria do governador eleito
"Sabemos da importância estratégica do Hospital e da necessidade de ampliarmos os serviços oferecidos por ele, ainda mais dentro das metas de valorização da saúde do novo governo, que quer rediscutir o processo de regionalização da atenção básica e aproximar os pacientes e suas famílias o máximo possível da rede hospitalar. A transição de governo se iniciou há pouco, dia 5 de novembro, e não tivemos acesso a esse contrato especificamente. Diante da condição grave dos atrasos dos repasses aos hospitais que já têm contrato com a Secretaria de Saúde e dos valores devidos aos municípios, no entanto, colocar esse passivo em dia torna-se a nossa prioridade fundamental para manter os serviços e habilitações que oferecemos.
Por essa razão, não podemos garantir o cronograma de abertura estipulado pelo governo atual. O atraso que já ocorre no planejamento de expansão, apresentado dia 9 de julho, também não favorece o cumprimento do cronograma. Independentemente da imprecisão imediata sobre o andamento da expansão, reafirmamos a importância do Hospital Regional Centro para essa parte do território gaúcho, em particular, e à saúde do Rio Grande do Sul, de forma geral, e do quanto necessário ele é para qualificar os serviços a toda a população do Centro do Estado. Da mesma forma, confiamos que o Instituto de Cardiologia, com sua reconhecida solidez e credibilidade, continuará como nosso parceiro, a partir de janeiro de 2019, e ajudará a melhorar os nossos indicadores."